Eu!

Eu!

Olivia Pimentel, mãe, avó, irmã, filha, sogra, amiga e mulher. Acredito que na vida renascemos e morremos várias vezes. Se olharem para o meu logo ele representa isso mesmo, a capacidade de renascer cada vez que “morrermos. Desde sempre fui muito ligada á natureza, amo as arvores por tudo que elas representam e uso muito esta analogia nas minhas consultas, aulas e sessões de yoga. A árvore forte e firme tem raízes profundas que nos ligam ao coração da mãe terra que nos vai alimentando e nutrindo tornando-nos mais fortes. O seu tronco robusto, mas ao mesmo tempo flexível suporta tempestades, verga-se ao vento, adapta-se ás intempéries. Os seus ramos e folhas podem ser os nossos braços a crescer e florir ao abraçarmos realizar o que amamos e estarmos com quem nos faz bem. Florescemos e crescemos com amor, cuidado, carinho, atenção, amor próprio, coragem e força que resgatamos do nosso interior para podermos ter a liberdade de voar e sermos felizes. O verde no meu logotipo tem origem no nosso coração no chacra cardíaco. O verde também alberga a esperança e a cura e o lilás a transmutação. A força da mudança como forma impulsionadora para crescermos e evoluirmos.

Morreu um pouco de mim quando faleceu a minha mãe tinha eu 19 anos. Já morri de amor e da falta dele. Morri com os desgostos e as muitas desilusões. Morri cada vez que acreditei em palavras vazias que o vento levou quando muitas atitudes provaram que nem sempre se dão segundas oportunidades. Morri um pouquinho, muitas vezes, mas cada vez que morri consegui renascer, e o que me traz até vocês hoje foi realmente estar às portas da morte com um cancro.

A 25/08/2018 sentada numa cama de hospital ouvia a médica falar e falar e não percebia nada dos termos médicos que usava. Até que ela para de falar, olha para mim e diz-me: “Tem cancro, tem um Mieloma Múltiplo estádio IIIB”

Cancro! Como!!!! Cancro?!? Nos primeiros dias nem sabia dizer o nome desta doença estranha, rara e como disse a minha médica sem cura. Das primeiras palavras que consegui falar foi:” O que vamos fazer?” Tenho uma neta com 10 meses quero vê-la crescer, faço o que for preciso!

Seguindo os protocolos iniciei os tratamentos de quimioterapia, preparei-me para dois transplantes autólogos e cá estou, em remissão desde janeiro deste ano. Fiquei com muitas lesões, sequelas físicas e mentais e tive de arranjar forma de ganhar mais qualidade de vida. O cancro quando nos bate à porta não derruba só a nós doentes oncológicos, mas também a nossa família, os nossos amigos e afeta tudo á nossa volta. A nossa vida é passada entre tratamentos, consultas, exames e uma gestão emocional e de dor por vezes avassaladora.

Durante o meu processo oncológico valeu-me os conhecimentos que já tinha em terapias alternativas, nomeadamente o Reiki, e a prática de yoga. Faltou-me uma grande base que foi a nível alimentar. Depois de várias consultas em nutrição e sem conseguir que me indicassem como seguir uma “dieta” vegetariana e sentindo-me completamente perdida comecei a investigar, pesquisar, ler e esta ano conclui o meu curso de coach de saúde seguindo uma abordagem holística que acredito fazer toda a diferença. Não somos só um corpo físico separado da parte mental e ainda mais da emocional, é necessário integrar isto tudo quando estamos a enfrentar uma tempestade terrível a sós num barco à deriva num imenso mar. Acredito que o meu farol que me trouxe a bom porto foi ter trabalhado bem as minhas emoções e fortalecido a minha mente, o meu corpo aos poucos foi ganhando força.

Este processo oncológico permitiu voltar a encontrar-me no meio do caos e da desordem. Voltei a resgatar a minha essência, verdade, confiança, autoestima e amor próprio. Venci não só um cancro, mas venci anos e anos de castração e auto sabotagem. Hoje sei bem quem sou para onde quero ir e o que quero fazer.

Acredito que a vida me deu uma segunda oportunidade e agarrei-a com todas as minhas forças, agora quero ajudar, acompanhar e guiar outras pessoas que se encontrem em situações parecidas, os seus familiares e todos que de uma forma ou doutra se sentem perdidos e sem saberem onde começar para voltar a erguer as suas vidas.

Este processo todo levou-me a escrever um livro, Metamorfose, sobre como nos reerguemos depois de nos estatelar no chão, como podemos recolher ao casulo, cuidarmos de nós para mais tarde podermos ganhar asas e voar novamente em liberdade em direção à concretização dos nossos sonhos desejos e vontades do nosso ser.

Não somos o que nos acontece na vida, mas sim aquilo que decidimos ser e fazer com o que nos acontece. Os desafios da vida podem ser encarados como obstáculos ou possibilidades de nos renovarmos e crescer subindo degrau a degrau as escadas em direcção aos nossos sonhos.

Namasté

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